Shakespeare em um ano

Foto por Mike em Pexels.com

Imagina o nível de dificuldade para qualquer mortal realizar a seguinte tarefa: escolher um ano apenas para retratar a vida de um personagem que marcou a história da dramaturgia e influencia as artes desde o Renascimento. E mais ainda: o período escolhido acompanharia os passos dados por ele no seu processo criativo, em paralelo ao que acontecia no mundo ao seu redor. O autodesafio foi estabelecido – e cumprido com maestria – pelo professor e pesquisador James Shapiro, da Columbia University, de Nova York.

Em seu livro 1599 – Um ano na vida de William Shakespeare (2005, publicado no Brasil pela Planeta, 2006) Shapiro simplesmente deu a volta no universo do maior nome do teatro inglês e um dos pais de quase tudo o que se produz até hoje nessa área. Grosso modo, todo o esquema que os brasileiros consomem em formato de novela, uma especialidade da Rede Globo de Televisão por décadas a fio, tem o dedo do dramaturgo inglês. Praticamente não existe trama nessa linha que não leve a receita dele. Obviamente, o pesquisador não fala desse tema no livro, mas do que Shakespeare fez e viu.

O que fez o maior nome da cultura inglesa naquele final do século 16 da Era Cristã? Criou suas quatro mais famosas peças – Henrique V, Júlio César, Como gostais e Hamlet, enquanto o mundo girava em torno dos eventos históricos que mexeram com a Inglaterra e boa parte da Europa naquele período.

A lição básica do livro de Shapiro é que não é possível compreender o universo shakespeariano fora da sua época ou longe das vivências dele próprio – e da dinâmica política, social e cultural do seu tempo. Some-se a isso uma larga pesquisa de campo feito pelo autor, que traz o nosso personagem “vivo”: o que leu, viu, ouviu e com quem trabalhou, enquanto se dedicava a investir no Globe Theatre.

Uma leitura de fôlego e muitas revelações para os amantes do teatro, da história inglesa e do universo teatral que se reproduz um século atrás do outro em todos os cantos do planeta, indo muito além da magnífica e polêmica figura de William Shakespeare.

Quem ler, saberá do que falo. Sem exageros.

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