Dizzy Gillespie não foi apenas o ‘Pai do Bebop’ e do Afro-Cuban

Montagem gráfica que fiz com boneco de Gillespie que me inspira em casa

Imagino que quem estuda o jazz a fundo tem sempre a sensação do eterno retorno das figuras mais importantes desse gênero musical. Principalmente quando confrontam carreiras, histórias de vida e a produção de cada ícone da música oriunda do universo afro-americano. Não é o meu caso, que não me atrevo a passar dos postos de mero curioso, admirador do jazz e de eterno aspirante a músico que toca violão apenas de ouvido.

Isso não me impede de ficar por horas a fio buscando, lendo biografias, fuçando nas mídia e nos canais de streaming por mais e mais informações sobre criaturas extraordinárias do mundo desse estilo musical que comecei a ouvir lá pelos 16/17 anos. O difícil sempre é fazer lista dos melhores e das melhores do jazz.

Em face desse impedimento, me aterei a falar de um gênio ímpar do trompete (e do piano) – sem cometer injustiças com tantos nomes: Dizzy Gillespie – que em outubro próximo completará 104 de nascimento.

Por que escolhi falar dele? Por ter arrebatado o título de criador ou de Pai do Bebop ou por suas investidas até na política? Por tudo isso e por muito mais. Dizzy foi muito além.

Primeiro, a genialidade nesse conjunto inovador e das fusões de diversas criações do jazz – indo do Bebop propriamente dito ao Afro-Cuban Jazz. Dentre as ousadias de Gillespie, pode-se dizer que trazer os ritmos latinos como a salsa para o jazz foi das grandes. E se embrenhar pela Bossa Nova – que, a propósito, é homenageada por ele numa das passagens que escolhi para ilustrar este artigo (clique e assista no final do texto).

Outro ponto foi seguir a trilha natural dos grandes maestros e líderes de bandas, inscrevendo seu nome não somente como trompetista e pianista, mas como compositor, cantor e arranjador refinado. E firmar suas bochechas como marca pessoal, ao soprar seu instrumento de maneira singular. Esta é, sem dúvida, sua imagem mais conhecida – a das bochechas inchadas como se fossem explodir.

Outra faceta dele, fácil de encontrar nas principais biografias a seu respeito é sua ousadia de participar da política em plena era de luta dos negros norte-americanos pelos direitos civis, no conturbado ano eleitoral de 1964. Gillespie inventou – e lançou – uma candidatura independente a presidente dos EUA. Não se sabe ao certo se teve um certo sabor de luta ou de ironia, ou de ambas, pois consta que ele prometia “revolucionar” o país caso conquistasse a maioria do eleitorado. Ficou na passagem da sua história e não mais se aventurou, pois sua praia era o jazz.

Por ser o jazz o que ele fez de melhor, convido os leitores e leitoras à apreciação de um momento clássico na vida de Dizzy Gillespie, quando ele toca muito e até faz loas ao Brasil de João Gilberto Prado Pereira de Oliveira, o nosso João Gilberto.

Acho que não tenho condições de ir além. Que me perdoem os fãs dos demais nomes do trompete e do jazz. Serei perdoado porque sou fã de todos eles. E não citarei mesmo outros nomes em respeito às suas histórias. Vamos ao som de Gillespie!

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