
Recentemente teci aqui algumas considerações sobre a aventura pessoal – e empresarial – do magnata da Amazon, Jeff Bezos, que realizou seu sonho de infância de flutuar no espaço por alguns minutos numa cápsula impulsionada pelo seu próprio foguete (leia aqui). Quem não gostaria de sonhar em ser um Buzz Lightyear com ares de realismo?
Como vivemos, no mundo inteiro, tempos sombrios e ainda estamos afundados em dilemas que sequer sabemos como serão num futuro próximo “pós-coronavírus”, a tentação de buscar saídas fora da realidade é sempre grande. E nem todo mundo tem a megalomania, a grana e os sonhos de um Bezos para realizar tal feito. Sejamos realistas!
Mas se não quisermos (e não podemos, de fato) ser realistas, o que fazer? Talvez o consolo seja mesmo irmos para um outro planeta, quem sabe. E o cinema, de tempos em tempos, nos traz essa rota com excelentes produções de ficção científica. Ou até de distorção da realidade. São inúmeros os exemplos.
Todavia, resolvi lançar mão de uma viagem cinematográfica sui generis não muito nova, mas que serve para ilustrar esse devaneio de um sumiço temporário da nossa realidade. Trata-se do filme dirigido no longínquo 2001 por Iain Softley, estrelado por Kevin Spacey, com o sugestivo título K-PAX.
Nele, um misterioso homem aparece numa estação de trens, acaba indo parar num hospital psiquiátrico por garantir ter vindo de um planeta cujo nome é o título do filme. O “kapaxiano” vivido por Spacey cai nas mãos de um psiquiatra interpretado pelo talentoso Jeff Bridges.
Além das audácias do roteiro, o que tem de novidade mesmo – e que servirá como ‘analgésico’ temporário às dores de cabeça provocadas pela nossa falta de rumos – é o modo como o protagonista descreve seu ‘planeta’ de origem: em K-PAX não há leis, nem juízes, nem políticos e nem instituições sociais.
Ao questionar como se viveria assim, o psiquiatra ouve do estranho paciente coisas como “todos sabem o certo e o errado desde que nascem” e que tudo o que existiria entre nós não teria garantido evolução alguma. E arremata: “Nem sei como vocês humanos chegaram até aqui”.
Óbvio que o filme acaba por mostrar quem era aquele esquisito homem do espaço: um jovem atormentado que teria sido dado como morto depois de vivenciar experiências pessoais trágicas. E que teria criado todo um universo paralelo onde tudo era diferente do que se vive aqui.
De certo modo, é isso que nos dá vontade de experimentar, especialmente quando nos colocam no olhar uma carga informacional que nos deixa cada vez mais desnorteados. Estamos numa areia movediça civilizatória e não sabemos como e quando sairemos desse atoleiro.
Certamente todos iríamos embora com Prot, o personagem vivido por Kevin Spacey, como acabaram querendo os pacientes que conviveram com aquele homem misterioso de K-PAX.
Terminei a leitura com uma imensa vontade de partir pra K-Pax! (Em dupla, claro rs)…só posso definir o texto como curto e certeiro, e acredito que muitos identificar-se-ão!
CurtirCurtir
Também fiquei com vontade de para K-Pax! Ou pelo menos que tivéssemos um pouco de K-Pax aqui, nesses tempos tristes que vivemos.
CurtirCurtir
Obrigado, Vera! Irresistível a ideia!
CurtirCurtir